A correria do meu sonho

Vou a correr para o sonho que é esta vida, por não ser mais que isso mesmo. Já nem me magoa a mágoa destas pessoas que, ou são inocentes, ou são apreciáveis em demasia. Dói sentir a transparência de mim para ti. Sei que sabes isso.
Debruço-me agora sob a minha perdição.. E é ela mais do que isso? Nem tão pouco isso ela é! Tanta angústia que tem os caminhos destes meus sonhos! O musgo da pobre planta envenenada fere-me o pensamento, e rio-me para não chorar.
Procurei e desencontrei, achei e não procurei, e continuei. Continuei a não entender a razão da vida, a lei da vida. As minhocas continuam a ser viscosas, o barulho dos carros sempre ensurdecedor, o talismã da desconfiança sempre elevado, a poesia vista pela mera escrita e não pelo significado, e todo o mundo se desencontra em translações sem nexo.
Porventura seria correcto dizer que não sou feliz, porque não o sou de todo. Mas gosto assim, pois assim sinto que ainda há para sentir. Enquanto uns se destroem mutuamente pelas inocências absurdas, eu cá estou numa rua velha só e isolado de pensamentos ditos de obscuros.. Estou perdido. Mas perdido quero ficar.