O céu e o caracol da vida

Tudo está perdido. Todas as imagens e emoções que criei foram em vão, mesmo o vazio se esvaziou em mim. Sinto a carapaça partida apesar de dizerem que ela é inquebrável, soube então que meu próprio coração trava batalhas dentro dele mesmo. Destruir-se-á? Ou destruído estará já ele? Não tenho respostas às minhas perguntas.
Uma equação de somas subtraídas onde nada sobrevive, nem vive. Apenas se prolonga. O tempo passa mas a minha vontade mantêm-se. Estou sentado no café onde ninguém serve, onde ninguém vende, onde nada existe para que eu compre – apenas estou eu sentado de pé no alto do balcão de vidro estilhaçado sem saber para onde ir.

Estou na minha abstracção consciente e assim quero manter a mente inconsciente dê-la mesma.
Céu tu que me ouves.. não me oiças.. Contínua a entender, a dar confiança a quem dela necessita e acredita. Não me peças para pertencer a esse paralelismo bruto de ideologia idiota – acreditam todos naquilo em que nenhum acredita, francamente. Sinto isso um ataque ao meu estado de espírito se ainda o tenho. Porém tu ó belo céu, hoje estás peculiar, estás diferente dos outros dias «Nunca igual, Nunca Diferente. Apenas tu mesmo».
Estás.. Com tons de laranja monótonos e carregados. Sem qualquer fogo mas apenas reticente da vida.. Oh como tu compreendes o que todos acham incompreensível de compreender..
Perdeu-se-me o corpo do deserto da minha alma e não sei o mapa que representar para me encontrar, sabe-lo tu meu caro Alberto? Irei para onde nunca ninguém foi? Para a terra de «Nobody»? Assim o seja.

Depois, sempre depois! Fito com real espanto toda a hipocrisia que paira no ar, diria mesmo até na poeira estrelar há hipocrisia. Caracol rápido como a velocidade da luz recebe a mensagem vinda de um estafeta qualquer, dizendo-lhe que toda a sua comunidade desvairou-se – ele também sabe que está só – mas fica electrocutado com a hipocrisia da hora e momento em que lhe foi dita a notícia. Por isso falo em nome do caracol: deixem-no só, deixem-no também se desvairar como os outros.