A vída politica


Imagino a vida política como uma nuvem, excessivamente negra, sobrecarregada, e, prestes a mudar o clima. No meio desta nuvem está o actual governo português, defronte está as restantes nuvens, também negras, mas de um negro menos acentuado. Ainda assim são negras e ameaçam a vinda aguaceiros.

O que vos trago hoje é o debate quinzenal que ocorreu esta quarta-feira no parlamento, ao qual sem querer usar uma dupla adjectivação, nem uma adjectivação banal, classifico-o como: “Debate irresponsável”. Isto porquê? Pois bem, durante os últimos textos que produzi, apercebo-me que eles se têm tornado um pouco repetitivos. E isto porquê? Certamente porque os nossos políticos não mudam o discurso, nem de postura. Adoptam assim o caminho mais fácil e mais português possível – algo que não dê trabalho, ou se der.. que seja pouco – sendo que, o actual primeiro-ministro opta por um discurso deveras repetitivo. E isto porquê? Longe de mim querer me tomar por repetitivo como Passos Coelho, mas com oito meses de governo, este senhor ainda prefere criticar o anterior governo e ainda enaltecer os erros do anterior governo.. Mas afinal isto é um governo nomeado para combater a crise, ou então, para analisar o percurso dos seus antecessores? Algo que me deixa uma nébula firme no pensamento nebuloso.

Prosseguindo. Está quase como soldada as tarefas do governo e as negociações «troikanas»; porém, nós (diga-se o governo) ainda preferimos entrar, ainda mais, na zona dianteira do próprio suicídio colectivo. E isto porquê? Achamo-nos mais rigorosos do que Alemães, Ingleses, Espanhóis e Italianos juntos. Assim para além das medidas difíceis que iremos ter que tomar, preferimos aumentar o seu grande de dificuldade –tornando-as impossíveis de sustentar.
Diria Descartes: “Penso, logo existo”. Passos Coelho inverte e deturpa esta ideia, acrescentando: “Penso no que não existe” – Pois hoje foi clara a sua insensibilidade para com os portugueses, para com a fome que muita boa gente atravessa. António José Seguro afirmou ainda que este ministro era “O ministro mais insensível de todos os tempos” – modéstia à parte, depois de estarem daquele tão cobiçado lugar de chefes do Estado, aquele olhar humilde passa a puro desprezo pelo outrem. Infelizmente é o mundo em que vivemos, longe da metafísica e perto d’um agoiro profundo de uma estupidez inerte.

Quando Jerónimo de Sousa fez ver aos olhos do primeiro-ministro, o constante crescimento da taxa de mortalidade dos mais idosos, referiu isso como – “Idosos que morrem isolados, por vezes à fome” – este tratou-o com um desprezo ideológico demasiado irresponsável para ser presenciado. Acontece que eu próprio presenciei este debate. Sei-o bem, sei-o como ninguém. As pessoas que usam os sorrisos irónicos para colmatar mortes apenas por ideologias políticas, isto sim, é gravíssimo. Grave ao ponto de deitar as mãos à cabeça.

Parto do pressuposto que como isto, deva ainda haver casos mais graves. Perderam-se-me as respostas para tantos porquês.

Comentários

Mensagens populares