O diálogo de filósofos

 
Durante a tarde, numa longa jornada no café, Leonard Sagè e Alberto de Régio reuniam-se:

- Afinal o que é possuir na vida? - perguntou Sagè
- Não é possuir meu caro Sagè. Porque nada na vida é possível possuir de verdade.
- Impossível! Eu possuo-o a minha vida.
- Não julgues que possuis tal coisa! - afirmou Alberto - pois dela nada sabes. A origem provêm de onde? O seu final qual será? Isto não é possuir, possuir é ter. E nós não temos a vida, apenas a vivemos.
- Bem... Talvez tenhas razão, ou talvez não.
- Nada como te argumentar o que acabei de dizer caro Sagè - disse Alberto

Alberto acendeu o seu cachimbo e prosseguiu:

- Como diria Sócrates "Só possuiremos realmente vida, plenitude, prazer, quando eliminarmos o corpo da alma", pois todo o conhecimento que temos, toda a imaginação que traçamos é tudo do nosso interior. Nada há mais na vida a não ser a imaginação, ou sonho, da vida que iremos viver quando morrermos.
- Certamente - disse Sagé
- E então esqueçamos o que é a posse neste mundo: porque a posse é desconhecida, assim como a própria a vida é, a origem, o fim; nós apenas somos a pequena porção do sonho de Zeus, perdido na extremidade de algo ainda indefinido.
- Mas não defendes tu que há vida depois da morte? - perguntou Sagè
- Defendo.
- Pois bem - prosseguiu Sagè - isso não é senão contradizeres tudo o que até agora argumentas-te?
- Não meu caro. Como te disse anteriormente, a vida é somente um erro de cálculo assim como quando sonhamos o desejo é um erro de sensações. Quando a nossa parte corporal estiver morta, a nossa alma, por sua vez, estará pronta para viver - o abstracto saberás que é algo superior ao corpo. - e assim, espero eu, te tenha convencido.
- A tua arte convenceu a minha dúvida Alberto - disse Sagè.

E já no cair da noite estes dois homens desapareceram, cada um para seu lado.

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