Caminhos da vida


Como adorava ser como outros: percorrer os caminhos da vida sem pensar, viver pura e simplesmente. Mas eu sofro todos os dias com o vento...

E por instantes, Alberto de Régio interrompera o seu raciocínio:
- A vida tem destas coisas meu rapaz. Os mais tristes sofrem pela coração e pela razão. E os mais felizes são-no pela falsidade de uma vida inconsciente, isto é, vivem o vago e adoram o monótono. Por isso, Álvaro, deixa esse povo tirano se destruir - pois esse dia do famoso Apocalipse virá - e vive, ainda que triste, com a tua alma e não com o teu corpo.

Que discurso que Alberto acabara de proferir! Ele sabia mais da vida do que todos os outros, ele era experiente e sempre certo no que dizia. Nunca o vira trémulo, nunca o vira triste! Que homem tão peculiar!
Segurei-me e avancei em sua direcção:

- Quando achava que eram ondas no meu mar interior, sim do meu interior, este pensamento, ria-me e afogava mágoas. Quando relembrava um passado não muito distante, mas sempre impossível, do deserto deste meu coração - e de verdade era - chorava e deslumbrava as tristezas...
Por isso continuo-o triste. Não pelo mundo que enfim não me merece, como não mereceu todos os outros artistas, mas pela natureza insólita que desperta este ermo de sensações que já não são senão tépidas...

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