A privatização disfarçada


Este governo, uma vez mais, deixa bem claro que não segue uma governação em prol da cultura. Com o fecho da RTP2, que é seguramente o melhor canal dos quatro canais gratuitos, a esperança cai por terra.

Mas há algo ainda mais grave. A "concessão" - nome atribuído para disfarçar uma privatização nunca antes vista - da RTP a privados, leva-nos seriamente a pensar como é que este governo gere as coisas: em primeiro lugar, o governo entrega o canal a um privado como uma dádiva dos deuses, em que não recebe qualquer dinheiro pela suposta privatização; em segundo, e não obstante, o governo garante ainda a esse privado um lucro anual de vinte milhões de euros. É, de facto, razão suficiente para deitarmos as mãos à cabeça.
Vou dar-vos um exemplo: um empresário liga-me para me oferecer a sua empresa (que é disto mesmo que se trata) e ainda me garante um lucro de vinte milhões de euros por mês, ou seja, basta eu ficar sentado na empresa à espera de receber o tal lucro garantido.
E perguntar-me-ão também onde é que o governo irá garantir esse tal lucro? A resposta é mais que óbvia: na conta mensal de luz de cada cidadão, cerca de 2€ (mais coisa, menos coisa) reverterá para financiar a tal empresa.

Cultura não querem, bons negócios também não. Afinal, onde querem chegar com tudo isto?

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