Primeiro dia


Ontem, sexta-feira, foi dia de debate quinzenal na AR. Com a agitação recente de novas medidas de austeridade, com a mexida da TSU e com o primeiro rompimento na coligação, eram esperadas surpresas neste debate. Todavia, um breve onírico. Nada mais.
Tanto do lado da oposição como do lado da coligação ninguém se preocupou em discutir coisas sérias. Preferiram, por outro lado, seguir uma linha a que todos estão habituados: demagogia e irresponsabilidade política. Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal e líder do PSD, continua a servir-se do passado para justificar o presente mesmo passados ano e meio após a sua eleição. De facto, é mais fácil falar ainda do governo anterior. Não o nego. É mais fácil falar da campanha eleitoral do Engenheiro José Sócrates (Eu que pensava que nunca mais escreveria este nome, pelo menos por enquanto), voltados mais de 6 anos atrás na história de Portugal. E mais fácil ainda é, também, fugir aos problemas actuais do país.

A oposição, começando pelo partido socialista e por António José Seguro, conseguiu fazer um debate baseado exclusivamente em acusações à pessoa de Passos Coelho. Algumas com razão, outras sem efeito. Porém, não é o suficiente. É preciso, e urgentemente, apresentar alternativas viáveis, de facto, e esquecer o caminhar da divagação política.
Jerónimo de Sousa, cabecilha do partido comunista, pegou em aspectos importantes como o desemprego, os níveis elevados de pobreza e a falta de resposta do governo à crise. Mas não  chega falar e deixar uma névoa sob os deputados. É preciso – e volto a repetir – apresentar alternativas para combater as políticas do governo “morto”, como disse Jerónimo. Podem ser o espólio desta queda.
Enquanto que, do lado bloquista, Francisco Louçã foi como sempre é: directo na forma como aborda os problemas. Puxou pela falta de diálogo entre Passos Coelho e Paulo Portas relativamente à mexida da TSU – medida essa que Paulo Portas está contra – e fez várias questões relacionadas com isso. No entanto, ficamos a meio-gás. Louçã despôs de tempo para atacar o ministro mas dispôs de tempo, também, para apresentar alternativas. Coisa que não fez.

Ao que parece, dentro da cabeça dos políticos, passa-lhes tudo menos o que realmente é preciso. Debater ideias, alternativas, formas de crescimento económico e de dinamização da economia parece-me, neste momento, algo demasiado trabalhoso para se discutir.
Afinal o caminho de erguer um país é difícil para estas cabeças iluminadas.

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