Sendo pobre



Os pobres são as frontes humildes e magníficas que qualquer um de nós pode contemplar. São eles a supremacia homogénea que dá valor às coisas, mesmo não tendo. Valorizam as coisas belas, como o campo e a natureza, e fazem delas suas também. Enaltecem o ar, a água, o fogo, a terra, ou seja, os quatro elementos; mas, também, bradam aos Deuses por serem capazes de escutar a forma sublime do vento, acompanhar o belo cântico dos rouxinóis sobre os ramos, fitar a formosura do rio e da sua cristalina cor; e vão, assim, estando constantemente interligados com a primazia dos elementos básicos de toda a vida...

Ah! Como eu venero quem seja pobre, porventura por me achar um, e ver neles toda a razão sendo mais pura e básica e verdadeira!
Quem possui um génio criativo não quer mais do que isso. Os que possuem grande quantidade de riqueza tornam-se limitados durante a longevidade efémera do que são. Não é verdade, pois, que o nobre seja mais merecedor da arte do que o operário. O rico, de tão rico que é, recusa-se, no imediato, a compor grandes obras ou a escrever um belo trecho poético; apenas quer ser possuidor de meio mundo, comprando obras de arte sem as interpretar. Se ele quer ser assim, ignorante, que seja!

É tão puro e cruel ao mesmo tempo por ser verdade! O pobre, esse sim génio criativo, é quem compõe toda a arte do mundo e, também, é o pobre verdadeiro merecedor de ser chamado de artista!

Álvaro Machado
- 20:30 - 14-10-2012

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