O mais sublime almoço




O almoço de sábado é o mais sublime de todos os almoços que tenho, talvez por ser aquele em que mais consigo ser eu mesmo. Porém, não se resume apenas a mim.
É todo o ambiente que tento descrever que se torna sublime, é todas as pessoas que o preenchem de mais que um simples vazio, é todas as conversas, olhares e temas que sobressaem inocentemente naquele restaurante humilde...
Não estava grande falador hoje, ao contrário de ontem. Quando entrei pelo restaurante adentro fixei-me de súbito numa mesa ao meu lado direito. Porque haveria eu de estar tão fixo como estava naquele momento? Pela figura incontornável que almoça ali, o meu antigo professor de história que, diga-se de passagem, é uma pessoa tão peculiar e tão mestra que ninguém se lhe assemelha. Olhei-o e de mesmo modo acenei-lhe com prontidão, ele consentiu.
Quando me sentei com o meu amigo caçador, os temas abordados foram simples, desinteressantes e não mais que isso. Passou meia hora. E já no calor da sobremesa, que sinceramente nem comi, é que chegou a família humilde de que tanto gosto de cumprimentar, ouvir e falar-lhes... Primeiro vem a mais velha da família cumprimentar-nos com o rosto sorridente (e tanto me transmite com um simples sorriso), depois vem a sua filha muita educada, apesar de pobre, cumprimentar-nos e, passado pouco tempo depois, vem o chefe da família camponesa que não estende a mão para nos saudar, estende a mão como forma de afecto e respeito!... (coisa extinguida hoje em dia.)
Com isso, e como não poderia faltar, vem o café para a nossa mesa. É o momento mais sublime de todos, pois não queremos sair daquele espaço. Vem um caçador juntar-se a outro caçador. Não o conheço, nunca o vi. Falaram mais um quarto de hora sobre a arte de caçar os animais tão preciosos para a sobrevivência da nossa raça.
E com o seu fim, o almoço termina.

Álvaro Machado - 14:34 - 17-11-2012

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