Diferente o era.




Era diferente. Ninguém o tornara, ainda que assim se desejasse, num grande orador capaz de conquistar multidões inteiras; ou, em outro caso, num interessado ouvinte, com aquela cortesia precisa, sempre arduamente trabalhada para que nada falhe - e, claro está, nem pode falhar. Mas este homem distanciava-se de tudo - desse ramo político impregnado de hipocrisia e dessa massa cinzenta impregnada de sorrisos de bom parecer ou de casacos velhos parecendo novos -: ele fumava, fosse quem fosse discursar, e, em simultâneo, os olhos cerrados pouco se inquietavam com quem lá estivesse, sobre o púlpito; enquanto o observei, ele deu pela minha presença e fixou o olhar no meu.

Continuei, porém, a observá-lo, ainda que com menos espasmo do que o inicial. Estava a marimbar-se fosse para quem fosse! Qual cortesia, qual quê? Estou certo que este homem era diferente. Repito: estou certo!



Álvaro Machado – 23:14 – 29-07-2013

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