Frontalmente


Encaro a vida com a frontalidade que se deve encarar; sei, e por bem o sei, que não posso perdurar mais do que outros perduraram em outros tempos (E sim, eu também temo pelo fim, tal como todos vocês temem, porque isso significa que deixaremos de desfrutar do paraíso que é viver...). O tempo parece que se apressa quando perspectivamos o que será de nós, não vos parece? Parece que fomos feitos meramente para acabar e, por mais que façamos, nada nos dá a intemporalidade necessária para continuar vivos - excepto toda a arte, que vá desde pinturas a trechos, porque, aí sim, prevalecerá algo autêntico e único no mundo!
Ricardo Reis, dirigindo-se para a humanidade, disse: "Cadáveres adiados que procriam". Que será de nós? Tudo sabe e ninguém diz, tudo receia mas ninguém demonstra; apenas fecham a persiana do quarto, sustêm a respiração e atonitamente interiorizam: «Amanhã haverá de novo o sol a iluminar a minha casa e de novo encherá de alegria as minhas esperanças: eu não morrei.»

Álvaro Machado
– 22:24 – 22-07-2013

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