Sentido de Estado




Houve um período (Se quiser realmente identificá-lo no tempo seria há dois anos, mais coisa menos coisas...) em que alguns políticos, vindos não sei bem de onde, julgaram, também não sei bem como, ter uma predestinação quase divina para derrubar um governo, por em causa a estabilidade de um país e da sua população, e, por um instante milagroso, salvariam Portugal da crise.
Chegaram ao poder. Vi muitas promessas, muitas metas para se cumprir, muitas energias positivas, muito rigor financeiro, vi mil e uma formas de suprimir a palavra "crise!". Pois bem, aqui estou eu, passados esses dois anos de promessas e mais promessas, para dizer, com toda a franqueza, que não vi nenhuma alteração no sentido de dar um passo, por mais pequeno que ele seja, fora da rota da crise; porque as ruas, essas, agitam-se com a chegada de novos sem abrigo, daqui a pouco mais parece um hotel de refugiados, uns descalços e a gritar autênticas calúnias a Vítor Gaspar, outros a rogar pragas para que Paulo Portas se afunde mais os seus navios, e outros, situando-se na suíte mais moribunda de todo o hotel, desejando cortar a cabeça a Pedro Passos Coelho.
Portugal continua o mesmo desde 1143 até agora: o povo é de pouco afazeres, quanto mais oportunista melhor, os bem falados são os mais traiçoeiros, os mais bem vestidos são os impostores, os cultos não querem pregar a sua cultura, senão prega-la para enganar o mais próximo, e, finalmente, os políticos que sempre têm a porção mágica pronta a usar nas situações mais difíceis, mas que tornam tudo num caos à sua vinda.
Sacrifícios, passar fome e aumentar o desemprego era a porção mágica; o sentido de estado trataria de nos levar a bom porto. Agora, que a porção já contaminou os portugueses, por onde nos leva o sentido de estado? Vítor Gaspar demite-se, Paulo Portas demite-se. Passos Coelho apela ao sentido de estado, admite não vacilar, e profere as seguintes palavras: “Os primeiros sinais de viragem estão a chegar, finalmente, de forma tímida, mas consistente”.
Ele disse, eu ouvi-o…

Álvaro Machado – 22:07 – 02-07-2013

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