Carrugem da partida



A carruagem parte e temos pouco tempo para inventarmos uma palavra que disfarce a despedida, porque é inevitável que um vazio se propague no nosso corpo. A maneira mais subtil será, então, um cumprimento e um "Adeus..." tímido, que se retém no ar por alguns momentos, já a saudade ali não nos deixa agir normalmente, até que tudo se desvaneça.
Dali eu não sabia o que sairia. Pelo menos, porque aquele lugar me era desconhecido. Conheci-o num dia de calor e a magia estendeu-se até à noite, na praia calma, em que nos debruçamos sobre as estrelas e o sentido da vida. Não. Aquilo não foram só palavras usadas à sorte, nem sentimentos vagos. Pelo contrário, criamos os alicerces para um novo mundo, um mundo à parte, transcendente do sentir comum, onde habitavam as nossas convicções, os nossos sentimentos únicos e puros do coração, o nosso gosto por desvendar o que ainda é incompreensível, a nossa diferença que vê o que não se pode ver. A viagem serve para o coração não parar de sentir.
E os meus versos, enquanto percorri aquelas ruas (que tanto me apaziguaram) não disseram mais do que isto:


"São ruas calmas.
Tanto me fazem pensar
Porque estou aqui e vocês também.
É um sonho o que vivo aqui."

Posso dizer, agora, em viagem, que ainda penso nisto. E enquanto penso criarei mais viagens e mais sentimentos, mas nunca esquecerei este.

Álvaro Machado - 22:23 - 09-09-2013

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