Política de ilusão



A política continua a ser um meio para subir na vida e não um meio para servir a população.

Os mecanismos do poder e a corrupção na política arrastam-se há demasiados anos em Portugal, particularmente desde do 25 de Abril. Durante anos confiámos a nossa vida com um voto, esperando que aquela pessoa não nos desiluda, pois votámos no programa dela, votámos nas suas promessas, nos seus aparentes valores, no seu carácter enquanto homem ou enquanto mulher. E durante estes anos essas mesmas pessoas só nos guiaram à miséria, empurram-nos sucessivamente para o abismo, traíram-nos mal se apoderaram do poder. A corrupção há em todo o tipo de poder, desde dos grandes cabecilhas, de grandes meios envolventes, até aos amadores, que apoiam o sistema no seu curto círculo.

Por isso, é-me difícil – a mim e, creio eu, à grande maioria dos jovens – voltar a confiar um voto num político, num partido, numa lista de pessoas que apelam ao voto dizendo: “Está na hora de mudar para melhor”. Com as autárquicas de 2013 a bater à porta, a euforia começa a ascender cada vez mais, as pessoas agitam-se, as cores dos partidos ganham nova cor e os indecisos têm que escolher o seu candidato ideal – escusado será dizer que, para isso, terão de oferta o programa eleitoral de cada partido para a devida análise, detalhada ou não, dependendo do analisador. Lido o programa, a escolha mais sensata parece ser a abstenção. Estes homens não são o quanto baste para manter a democracia nos eixos, cheia de valores que fazem o cidadão livre e com direito a qualidade de vida. E o seu programa eleitoral não passa de meras ilusões insensatas para quem entende que pôr aquilo e não pôr nada é a mesmíssima coisa. Fazem de tudo para ter o voto, isso fazem. Qualquer ideia inexequível pode fazer parte das promessas eleitorais, que mais tarde o leitor já não se relembrará, de facto, a razão pela qual votou neste e não naquele homem/partido. Os discursos políticos não têm nenhuma diferença. Nem os fatos usados. Nem os sorrisos. Nada.

Acordemos. O voto, durante anos, levou a que estas pessoas se apoderassem do sistema e o burocratizassem. Voltaremos a votar quando os políticos servirem as pessoas e não os interesses próprios. Voltaremos a votar com todo o gosto, porque afinal gostamos da democracia.

Álvaro Machado – 21:48 – 02-09-2013

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