Estes banqueiros...



Não há nada de novo: os grandes tubarões nunca hão-de ser devidamente julgados em Portugal. Saem ilesos como se estivéssemos aqui a falar de grandes justiceiros e não de corruptos. Chega a ser ambíguo: não sabemos muito bem.

Mais um caso gritante é o de Jardim Gonçalves (outros virão, mas por agora falo deste) que escapa ileso das acusações do BdP (Banco de Portugal), ou porque o juiz não seguiu o seu código deontológico e deixou isto chegar a este ponto - o de deixar prescrever o processo do arguido -, ou então porque o processo andou anos e anos a arrastar-se sem que ninguém conseguisse achar uma lógica que o justificasse.

O mais absurdo no meio de isto tudo é a incoerência entre o BdP e o Conselho Superior da Magistratura. Afirma o Banco de Portugal que o processo de Jardim Gonçalves esteve na gaveta, como se costuma dizer, durante dois anos e meio, mais coisa menos coisa; pelo contrário, o Conselho Superior da Magistratura afirma que este processo arrastou-se durante cinco anos e meio (sim, leram bem: CINCO ANOS e meio) antes de ser levado a tribunal. Ora, entre um e outro, independentemente de qual tiver razão, não será sempre grave, absurdo, irreal?

Este senhor tinha como acusação (entre outras) a "prestação de informação falsa e falsificação de contas do BCP através de 17 sociedades sediadas em paraísos fiscais." e uma coima no valor de 1 milhão de euros. E como este estão também os excelentíssimos João Rendeiro e Oliveira Costa: o primeiro, com uma acusação (várias) na gestão financeira e com uma coima no valor de 4 milhões de euros; o segundo, acusado de sete crimes graves ("José Oliveira Costa é acusado dos crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, infidelidade, fraude fiscal qualificada e aquisição ilícita de acções.") também pretende prescrever.

Ou seja, eles continuam a dar a volta ao sistema e a brincar com os cidadãos que, de facto, sentem a crise. Que lutam com as armas que têm. Que se enriquecem têm de ter muitas horas de trabalhos, de dedicação e empenho. Mas depois vêem homens miseráveis como estes, corruptos que acumulam fortunas e que não são punidos.

Como vêem, eles continuam. Estão de pé, firmes, bem sorridentes. Agora é sair por uns tempos da praça pública e tudo se esquece.
Conclusão: o Estado injectou 4,7 mil milhões de euros para cobrir o "buraco financeiro" deixado naquele banco por Oliveira Costa e restantes 15 arguidos, tais como Jardim Gonçalves e João Rendeiro. Onde estão eles? Sem qualquer tipo de acusação, ilesos e nem tampouco a coima pagam!

Álvaro Machado - 13:47 - 15-03-2014

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