Pensar assim.


Encosto-me a pensar: lembraste de mim? Talvez fosse obscuro, mas o meu sentimento para com deus sempre seria daquela maneira, eram as estrelas e mais qualquer coisa, sei lá, o que fosse fazia-me sofrer muito para além do que é permitido sofrer. Podia ficar horas assim. Habituei-me de tal modo a permanecer na dúvida, no que afinal andámos por estas terras alheias a fazer, o que é sofrer e o que é amar, e depois disso olharmos em volta e tudo é sagrado e torpe ou nada disso...

Tão calma vens tu, madrugada do outro universo, p'ra junto de mim (ou direi, junto de nós?) escutar-me o que me dói e levar-me o que amo... Sabendo que isso, de uma maneira ou de outra, é sugar-me vida, sugar-me desejo de viver... Creio em quê, então? Não interessa, vale a pena viver só pelos pequenos momentos que temos com as pessoas certas, só assim poderei achar sublime a minha passagem por cá; de outro modo, seria uma consciência morta, repugnar-me-ia, destruir-me-ia, sei lá, deixava de respirar só porque isto é uma merda.

Para lá caminhámos, amigos. Caminhámos para o fim, para todos esse momento há-de chegar. Mas não, sejámos hipócritas para prontamente o negar, façamos da vida um constante jogo de interesses políticos, sociais e económicos para que os ricos vociferem ainda mais riqueza e estejam predispostos a levar o dinheiro para o outro mundo, pois poucos lhes restará de vida neste; sejamos uns merdas quaisquer ao ponto de negar que vamos ser reduzidos a pó, que nada valemos depois da morte e que, nesse momento, pouco importa o nível de vida que até então havíamos levado... Oiçam isto: estareis mortos, acabou.

Portanto, encostar-me e pensar só me leva a um vazio inda maior... faz-me perguntar o impossível de responder, faz-me imaginar o impossível de concretizar, faz-me desejar o que tampouco existe... Isso é ser torpe, estúpido e inocente, diria.

Álvaro Machado - 06:30 - 22-06-2014

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