um ataque de qualquer coisa


Não sei o que é a morte. Vocês sabem, estar morto. Morrer. Não só não sei como me causa uma perplexa e insustentável dor. Alheio? Calem-se. Quanto do alheio que sustenta o universo acaba por ser nosso, também? Quanto daquela mágoa ao virar da esquina me pertence? É tão minha como a daquele vadio... ou não é assim? O que ele sofre hoje, posso eu sofrer ainda mais cruelmente amanhã; sei-o.

Não sei o que é realmente ser um cadáver, estar morto, bem enterrado, mesmo lá no fundo, na escuridão que me movia há bem pouco tempo atrás. Nem sei o que é estar vivo. Estar vivo, o que é isso? Respirar e ter-me por alegre por ainda permanecer? Não, não hei-de ser inocente a esse ponto; todos os dias espero a morte como coisa natural, inevitável e mais forte do que eu. 
Durámos? Não: vamos durando. E nesse durar tudo nos pode acontecer - bom, mau, o que for...

 Álvaro Machado - 00:24 - 27-05-2014

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