Fado



Pensando bem, talvez não seja bem assim. Talvez não sejam estes os locais e as pessoas e os momentos certos. Talvez seja eu, errante por índole, quem não mereça isto, ou não estais vós de acordo?

Sim, mas deus é grande. Há um deus no meio de nós e no meio de tudo isto, pois não posso eu crer que os locais por onde passo, as pessoas por quem cruzo e os momentos que me vêm ter às mãos e me abrem o coração hão-de ser coisa natural, não, isso não, que redutor se assim fosse! Há-de ser deus, como que um sinal divino, para me fazer ver que não valho coisíssima nenhuma e se há alguma coisa para que esteja destinado, então que seja para sofrer. Sofrer e sentir-me impotente, isto é, eu próprio acercando-me do precipício por um impulso estúpido e, inda assim, deixar-me ir, mesmo sabendo que isso só me faz mal, só me mata, só me leva ainda mais para esse buraco negro... de pensamentos recalcados.

Mas é Coimbra, senhor, é Coimbra. E hei-de vincar aqui – é no Mondego que corre meu sangue e é na velha cabra que bate meu coração.

Álvaro Machado - 01:18 - 28-06-2014

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