Os meus dois lados


Existem duas sensações. É como se uma me levasse a conquistar o universo e a outra me fizesse querer largar tudo e deixar-me afogar. É uma que é tudo, é outra que é nada.

Então isso baralha-me o coração, confunde-se-me o sentido, por vezes quero vencer e tornar-me um herói à minha maneira, mas outras vezes… bem… outras vezes quero é acabar comigo, quero que o deleite de ter um discurso derrotista me tome os passos e me tome este papel e esta caneta e me faça viajar Érebo fora.

O que está por esse mundo fora? Pergunto-me. É o que mais faço na minha vida: perguntar coisas. E diabos me carreguem por só perguntar coisas sem resposta, almejar sentidos inversos, idolatrar estrelas do impossível, sonhar com amores sem explicação… Mas, que raio, eu sou assim, entendem? Eu sou assim…

Acabei de sair de um ar que me tem vindo a sufocar durante anos. E não é que me senti muito melhor, até ao ponto de melhorar a minha respiração, creio que mais benigno o ar que antes, acreditam nisso? Pareço doido. Caralho, eu sou completamente doido afinal! Sou um poeta. Tenho uma vontade imensa de sonhar para além daquilo que vejo, tal como o senhor capitão Keating nos ensinou, não é irmãos?

Mas agora… voltei ao meu espaço e ao mesmo quarto, e todo esse espírito de partir à conquista desagua num mar impregnado de sangue e tédio… coisa tão obscura que me mata por dentro lentamente, se vocês soubessem, oh se soubessem!

Faz-me perder o sentido. Perder as horas. Perder a vontade. Leva-me a não gostar nem de mim próprio. Só quero deixar correr o tempo, comigo ou não, quero lá saber… o tempo tem de correr, a vida tem de continuar, seja comigo ou não, pouco interessa.

Enfim. Só queria voltar a essa carruagem onde a imaginação não tem limite e o fim de linha é infinito.

Álvaro Machado - 00:23 - 29-07-2014

Comentários

Mensagens populares