Sonhos são tédio.


A sensação: era como se tivesse adormecido durante anos. Parece, pois, que tudo o que havia vivido até então não passava de uma estrada sem fim, fora de sentido (abominando-o, aliás), onde as cores vagamente surgiam, dispersamente desvaneciam, e onde o significado dos meus sentimentos, todo ele, deitado era para o decurso do universo…

Porém, o destino mostrou-me que isso pode mudar. Aquele rosto pequeno, inocente, atónito quando olhava para mim e não entendia quem eu era, fez-me ver que há coisas da vida muito mais importantes do que nós próprios. Mas o quê? O que me fez pensar nisso? Aquele rosto… 
O rosto que eu tenho de cuidar como se fosse a minha vida. Aliás, mais do que a minha vida. Cuidar e protegê-lo como mais ninguém. 

Desculpem a minha ausência. O sono impediu-me de ver o caminho onde a «pequenina luz bruxuleante» se propagava, possuindo-me então por um significado absurdo de viver, onde cada passo dado era dado em direcção do abismo, onde o coração não se mantinha apenas no corpo mas estendia-se a todos os recantos do mundo… 

Fiz-me sofredor por consciência. Busquei na dor um sentido. Achei que a escuridão do quarto era justa, mais que justa, que eu merecia sofrer, sofrer muito, viver toda a minha vida em torno da dor. Mas agora paro e peço-vos perdão.

Álvaro Machado - 15:21 - 24-08-2014

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