Hilariante Partido Comunista


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Este texto e este apelo do Partido Comunista Português não só se imbui massivamente de ideologia densa e extremista como também de um irrealismo deveras assustador.

Confesso-vos: ler tantas barbaridades num texto choca e de que maneira. Pois ainda há quem tente usar palavras como "capitalismo", "federalismo" ou "neoliberalismo" para camuflar as reais intenções de um partido que nos tempos da URSS aglutinava cerca de 15 Repúblicas Socialistas e onde todas elas se subordinavam ao poder central, presente no artigo nº81 da Constituição Soviética de 1977.

Constituição essa que, curiosamente, apela a uma união dos trabalhadores, a uma igualdade devidamente justa e mais que merecida, mas que, no fundo, não passa de uma «Ditadura de Proletariado» onde os trabalhadores não têm realmente nenhuma influência, onde as classes têm claramente uma hierarquia por de trás e onde todo e qualquer trabalhador não se opõe aos senhores do poder quando são tomadas decisões com relevo. Contra o federalismo? Tenham um pouco de dignidade, por favor.

A República Democrática Alemã (RDA) inseria-se num contexto político-social subdesenvolvido, em grande parte agrícola e com a agravante de Estaline adoptar uma política de auto-suficiência; claro está que a auto-suficiência é incansável quando o território tem recursos naturais escassos, trabalhadores pouco instruídos e, por conseguinte, uma produção muito aquém do desejado. Consequências, na prática, dessa situação? Importação, importação e importação. (E lá se vai toda a bíblia sagrada comunista por terra...)
Onde a cultura levaria uma exaustiva perseguição, que resultaria na censura a toda e qualquer música que não fosse escrita e cantada em alemão. Enquanto que, do outro lado, os tais "capitalistas" e "federalistas" mantinham-se livres, coesos e respeitadores da democracia, de tal modo que estavam abertos a todos os produtos e a todo o tipo de ideias. Porém, nesta tal RDA, o que podíamos constatar era uma república fechada ao exterior, que censurava todo e qualquer produto vindo de fora (como é caso da 'Cola-Cola') e que lançava doses sucessivas de informação a enaltecer os trabalhadores, os heróis da nação.

Mas adiante. Não vim aqui dar-vos lições de história (ainda que muitos merecessem), nem vou tampouco explicar-vos por que é o comunismo tão extremista como é. Nacionalizar tudo? Auto-suficiência? Deixar-mos os trabalhadores tomar conta de tudo? Deixemos o fanatismo de lado, pois Lenine e Estaline já adoptaram esses mesmo ideais e o resultado foi claro: resultou em privatizações, num país atrasado e completamente desigual.

O que vim aqui falar-vos é deste texto do PCP. E gostaria de perceber onde é que vêem coisas como: «a RDA, pelas suas notáveis realizações nos planos económico, social e cultural e pela sua política antifascista e de paz, impôs-se e fez-se respeitar no conserto das nações como Estado independente e soberano e tornando-se depois de anos de duro combate membro de pleno direito da ONU (1973) em simultâneo com a RFA». Como podem ver os planos económicos, sociais e culturais fracassaram e fracassaram categoricamente.
Ora, falemos mais sobre este Estado independente e soberano. Vejamos, por exemplo, como foi eleito o primeiro governo da República Democrática Alemã (e, posto isto, transcrevo factos): «Em maio daquele ano, os participantes do Congresso do Povo (Volkskongress) haviam sido apontados em uma lista unitária. Essa votação seria a primeira de uma longa série de eleições falsificadas na República Democrática Alemã (RDA).

Na votação, 31,5% do eleitorado havia respondido com "não" aos nomes apresentados, enquanto 7% se abstive, o que levou a uma recontagem dos votos. Dessa vez, nomes riscados e cédulas em branco foram considerados "sim". Com isso, 61,1% dos votos passaram a ser a favor da lista única.» - ou seja, uma transparência incontestável, camaradas.

Isto levou-nos à célebre frase de "Tem de parecer democrático...". Ulbricht ordenou que se tentasse encobrir as falcatruas do processo, mostrando-o democrático, e, mais do que isso, não quis abdicar do "controlo de tudo" por parte do SED - mais uma vez, transparência máxima, liberdade nos níveis máximos.
Agradecido por este momento grotesco proporcionado pelo PCP, termino com mais uma citação que, a meu ver, arremata por completo toda e qualquer dúvida sobre o fanatismo ideológico a que já estamos habituados:

«A proibição de deixar o país e a vigilância do próprio povo pelo "Ministério de Segurança Estatal" contribuíram para a derrocada do sistema, da mesma forma como a construção do Muro de Berlim, em Agosto de 1961, ou os slogans vazios dos senis funcionários do SED.
Após 40 anos de opressão da liberdade de expressão e limitação do desenvolvimento individual, o sonho do suposto "melhor Estado alemão" acabou de forma tempestuosa.»

Álvaro Machado - 20:06 - 09-11-2014

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