Questão ad æternum


Deus: a questão que nos divide, em alma e coração, irmãos. Desde que conhecemos o mundo que esta ideia nos atormenta ou nos alivia, nos faz bruscamente romper ou afincadamente ficar...

Os inocentes continuam a depositar nessa imagem uma cega confiança, há-de o Senhor transformar nossos pecados num perdão sincero, afinal não fomos tão más pessoas quanto isso, somente umas lágrimas menos sentidas e um oportunismo sincero.
E os não crentes largam mão dessa devoção, crêem eles no indefinido universo, na arte do saber e no desconhecido - isso sim, há-de alimentar a alma o quanto baste, porque nada é certo e tudo lhes é possível de imaginar.

Que eu, de alma ramificada por todas essas combinações inertes, ouso sentar-me perto do luar, encostado entre céu e inferno, para me questionar. Até de mim dúvidas emergem, quanto será de toda a vastidão transcendente à minha lucidez?

Com um pesar de alma me refugio; com um só coração eu me construo, eu me ultrapasso em uma ponte disforme criada por mim mesmo; com uma solidão infinita me defino e me perco para nunca mais voltar...

Mas em ambos o que permanece é um segredo maior, além-mim, além-humanidade, inconcebível em nossa mente, impensável em nossos olhos...  Até ao fim da nossa vida, de nada iremos saber...

Álvaro Machado -01:43 - 14-12-2014


Comentários

Mensagens populares