Carta desaparecida


U
rge salvação essa terra árida. Inda assim, todos, sem excepção, devotos do nosso senhor, quererão a bonança depois da tempestade incessante…

Pobre sociedade. Pobre é, pois envolta está num manto sombrio, inerte, torpe! 
Mas eu não choro para a vida aonde os meus passos chocam, aonde os meus pensamentos alheios sofrem, aonde a morte é a corneta cismática da madrugada do porvir…

E, bem sei, que o apaziguamento momentâneo o é, prevalece por tempos, sobrevive pela súbito esquecimento ou porque simplesmente o meu senhor o quis; a não ser isso e ele não existia, estou certo, antes um desastroso vadio tornar-me-ia… Aí, digo-o com toda a certeza, sucumbiria num ápice.

Estas palavras haviam sido escritas dez anos antes, no meio dessa terra árida, onde nunca choveu, e que tinha como destinatário um senhor russo aonde essa mesma carta nunca havia chegado…

Álvaro Machado - 00:39 - 06-02-2015


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