«Senhor ministro, não me deixe morrer»


ouve pá, tu não ligues ao que te dizem. não é ciência exacta, muito menos uma opinião que, a ver-se ponta de veracidade, sumir-se-á de imediato.
não dês atenção ao que aquele desvairado de bata branca, que por ali vai no corredor, está a balbuciar: quer-te ele acabar mais rápido com a tua vida do que a própria doença!
mas não te minto, longe dos irrealismos pá! a incongruência da vontade humana vai além nós, e além essa tua doença, pois se ela para ti é um alarme, para outros é um sossego, hão-de tratar-te tão indiferentemente como tratam os números num quatro humedecido que enfraquece o giz já antigo. apagarás, assim do nada, é verdade.

o «deixe-me viver» deixou de ser a questão aqui. o que se pretende é tornar o sustentável em insustentável aos nossos olhos, com pequenas pancadas no estômago, que vão doendo, é verdade, mas que se sentem menos intensamente do que uma facada bem funda no nosso orgulho...
assim, o povo mete na cabeça que 'tem de ser' e que 'temos de nos habituar à realidade'. verdade, pá! tão verdade como quando o marcello caetano nos disse que nos daria liberdade, a tal 'liberdade possível'!
e é assim que vamos morrendo, cada vez mais rapidamente, mas é só por acaso: quererão eles que a nossa vida perdure infinitamente. só assim poderemos ostentar o grande despesismo deste mesmo «Estado».

Álvaro Machado - 02:14 - 07-02-2014

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