O 25 de Abril de outrora

O povo que agora consente outrora disse não a quem os governava, conspirou contra o poder e ansiou derrubá-lo. Dias e noites passadas a vislumbrar a queda do regime, a querer saborear a liberdade por fim.
Muito abdicaram estes homens para o conseguir, privados foram da sua vida, sujeitados foram a repressão violenta na tentativa de os diminuir enquanto homens íntegros.

A verdade é que isso nunca os demoveu. Privá-los das suas famílias e da sua liberdade não os fizera, nunca, jamais, abdicarem da crença de um país melhor, antifascista, e plenamente democrático.
A música que cedo entoava a saída à rua da revolução, com o «E Depois do Adeus» de Paulo Carvalho, até à confirmação de toda a operação com a «Grandola Vila Morena» de Zeca Afonso, fizeram os portugueses vibrar com a determinação de todos os revoltosos e com a permanente incerteza quanto ao desfecho do desenrolar dos acontecimentos.

Hoje, por força da nossa inconsciência, esquecemo-nos que muito do que temos é fruto de homens corajosos como Mário Soares, Álvaro Cunhal, Francisco Sá-Carneiro, Manuel Alegre, e por aí fora, que recusaram sempre colaborar com Estado Novo e nunca se amedrontaram face à pressão que a PIDE lhes fizera – praticamente não faziam outra coisa senão estarem presos, sendo altamente conspiradores contra o regime salazarista, e quando não era atrás das grades seriam alvos de uma perseguição devastadora às suas casas, às suas relações pessoais, ao seu trabalho, tendo como ponto de partida a censura…

Ainda assim, não lhes fizera a prisão e os exílios frequentes aquilo a que hoje em dia comummente estamos habituados: a um povo calado que consente a fome e a miséria e oportunismo político. Sejamos outra vez 25 de Abril, sejamos outra vez sonhadores!

Álvaro Machado - 19:11 - 25-05-2015

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