Nº2 Op.18


O poeta preso por um fio ténue está prestes a desaparecer. Está parado, perplexo quanto ao desequilíbrio a que comummente se depara, e mantém-se sentado num torpe sentir que se intensifica até ao cair da noite.
Vai descendo o tom, tornando-o ainda mais aterrador, mais fúnebre, mais só...

Ó flor do infinito, ó paz de meu interior ébrio!...
Ó grito por onde se desenlace todo o meu ardor, por onde caia em acto a representação de minha vida!...
Tenho-o como um poeta sentado, apenas e só um poeta sentado debruçando-se sobre para que fim tende. Talvez para nenhum ou talvez para todo o sentido que indubitavelmente move todo o universo.
Há-de pensar, incólume à ânsia do realmente lhe irá acontecer, que Rachmaninov sustinha em si toda a razão: até um terramoto tem a sua beleza, desde que em perfeita harmonia ele esteja.

Álvaro Machado - 00:38 - 17-05-2015

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