El-rei regressa na apresentação do livro

Quem não gosta de ler um bom livro? Acaba por ser uma intimidade singela, esta do autor para com o leitor, quase num universo paralelo em que, longe compreensão, nos compreendemos perfeitamente. Desde cedo me habituei a ler: primeiro veio as Minas de Salomão traduzidas pelo Eça, depois o jornal expresso acabou por despertar uma veia mais crítica no sentido literal da palavra.

Como vos dizer..., sempre tive por gosto ler e, sobretudo, ler bons livros, bons jornais (subentenda-se aqui escritores extraordinários e cronistas de referência). A loucura de Dostoievski transposta num pedaço de papel, o universo apocalíptico em que Dumas construiu a personalidade de Edmond Dantès, em paralelo a mágoa profunda e o espasmo futurista de Álvaro de Campos, isso fez de mim o que sou hoje (os tais génios literatos), não duvidem disso nem por um segundo. As questões mais profundas, politico-económicas, político-sociais, democrático-concretas e democrático-abstractas, aprendi-as com os tais cronistas de referência, nomeadamente Miguel Sousa Tavares, Ricardo Costa, Daniel Oliveira, Pacheco Pereira (e por aí fora...).

Mas agora de volta à realidade. O que vos trago aqui é o recente lançamento do livro de Miguel Relvas. Não se apoquentem, ele nem é o autor como os autores que em cima falei nem é tão pouco "autor" na concepção nua da palavra; entenda-se: organizou o lançamento de um livro escrito a "meias" com Paulo Júlio e chamou os pesos pesados da política e do PSD.

"O outro lado da governação" - esse é o nome da grande obra. Eis que a cooperação entre Relvas e Paulo Júlio trouxe ar puro à literatura portuguesa e aos portugueses. Especialmente porque são dois ex-membros do governo, colocados na boca do povo injustamente. «Houve uma reforma profunda que não foi terminada, mas que foi bem feita», atira Miguel Relvas na apresentação de hoje.
Saiu por cima hoje. De consciência limpa, afinal trabalhou muito intensamente na reforma da administração local, fez muito pelo seu país. Miguel Relvas não apresentou um livro, fez política, aquilo a que está habituado portanto, e fê-la da pior maneira que há: a mentir e sem um pingo de vergonha.

Álvaro Machado - 23:29 - 02-07-2015

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