Os jovens que cospem na democracia

O desinteresse pela política é um dado adquirido e que tende a agravar-se desmedidamente. Todos o sabemos e só nos fica bem admiti-lo. Seria erróneo da minha parte dizer-vos o contrário, isto é, que o cenário nem está assim tão mau quanto isso e que os jovens têm realmente poder de decisão: não é verdade. Aliás, deviam ter poder de decisão, mas preferem o caminho mais fácil e ficar em casa, quietos e submissos ao porvir.

Nos últimos dias aprendi isso da forma mais crua. Quando tentámos mudar um ciclo, apresentar novas formas de pensar, devidamente suportados com projectos e ideias alternativas, o mais certo é que os jovens optem por não vos escutar nem ler as vossas propostas. Se é ingrato e altamente desmoralizador? É sim senhor, ainda mais quando sabes que podes acrescentar valor e dinamizar quanto baste.

Há ainda algo mais grave e que destoa daquilo a que sempre apelo (o tal "voto consciente"), que são, nada mais, nada menos, os que votam sem acreditarem naquilo em que votam e, pior do que isso, que votam numa coisa sabendo, de pronto, que nunca irão aparecer nem serão interventivos. Calculo que estais neste preciso momento a questionar-vos sobre o porquê de irem votar então.
A resposta é óbvia: o seu voto é surdo e mudo e nada questiona; vota porque assim lhe foi dito, vota porque assim deve ser.

Assim será o pensamento da grande maioria dos jovens actualmente. Usam os mecanismos democráticos inconscientemente - incapazes, diria, de conhecer a própria história do seu país -, preferindo a continuidade sem questionar, preferindo manter o sistema sem abertura possível e sem qualquer interesse aquando de recorrem às urnas. Tenho pena e deixa-me atónito deveras.

Álvaro Machado -17:50 - 08-11-2015

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