Duarte Marques vs Pacheco Pereira

Tem trinta e quatro anos, foi, durante quatorze, activo militante na Juventude Social Democrata e chegou mesmo à liderança, cumprindo um mandato. Consultor de profissão, é actualmente deputado do PSD na Assembleia da República, homem bem parecido para o edifício que melhor representa os valores democráticos e o seu povo.

Duarte Marques, então líder da JSD, a propósito do futuro de Portugal lado a lado com a troika - importa ainda ressalvar que nunca deixou de exaltar a parceria que havíamos conquistado com a Alemanha, frizando sempre as reformas que Portugal tanto carecia - não se punha com rodeios:
«Na minha opinião, os portugueses estão disponíveis para alguns sacrifícios, mas desde que verifiquem que vale a pena. Agora, os portugueses sacrificarem-se, verem os seus impostos a serem aumentados, os seus ordenados a serem diminuídos e continuarem a ver o país a ir pelo mesmo rumo que seguia até recentemente aí sim, haverá contestação social e eu estarei ao lado dos portugueses.»

Vemos que não tem «medo de dizer o que pensa», como diria o próprio, e que as políticas de aumentar a receita e diminuir a despesa só com subidas de impostos e cortes não seria do seu agrado. Porventura, a abertura política, o discordar quando assim tiver de ser, pois terá a juventude partidária e qualquer partido essa mesma liberdade intacta, seriam factores indispensáveis para o então líder da JSD.

Quando perguntado sobre o que é uma juventude partidária, para que fim tendia, defendeu-a com toda a destreza: ««As jotas são como as farmácias, os jornais ou os partidos. Há gente muito capaz, mas também se encontra outro tipo de pessoas», refere, justificando-se.»
Outro tipo de pessoas? Ah, esqueçam, isto não era nada...

Adiante. Agora, como deputado do PSD, e também graças a Deus, que a vida dá tantas voltas quanto precisa, o rumo mudou inesperadamente: convida Pacheco Pereira a abandonar o partido, alegando que este tem participado em outras campanhas presidenciais que não a do seu candidato "recomendado", Marcelo Rebelo de Sousa (esse que nem Passos Coelho, nem o próprio partido, até agora, tinham feito), e por ter manifestado no seu blogue pessoal, então, a sua presença em duas sessões de campanha, uma de Marisa, outra de Sampaio da Nóvoa.

Talvez não esteja de acordo que um partido político possa ter, de facto, vozes divergentes de quando em vez, ou até sempre, e que não seja obrigatório apoiar e votar cegamente em todos os candidatos do PSD. É por essas e por outras que depois vem a "disciplina de voto na AR" aos deputados. Faça da sua vida mais do que estar durante a vida toda num partido político, mais do que viver só para a política, e, sobretudo, não critique um senhor como Pacheco Pereira, que é independente na forma de pensar, e um grande pensador.

Álvaro Machado
- 14:04 - 11-12-2015

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