"É preciso muito cuidado a falar do Banif", diz Cavaco.


Já conhecemos Cavaco Silva pelas suas facetas de cauteloso e prevenido em questões cruciais para o bom rumo do país. E encarámo-lo, a partir desse estado de alma, como o de quem sabe aquilo que diz e que, portanto, necessário será tomar percalços.
À baila juntamente com as suas previsões veio, desta vez, mais um banco. O Banif. Parece que está em risco de abrir falência, à procura de investidores para o negócio, mas isso é tão-só o que se pode vislumbrar do horizonte fusco. Pouco mais sabemos.

Agora, voltando ao Cavaco. Aquando de uma visita à empresa Kerion, o Chefe de Estado de Portugal fizera um reparo sobre a tinta corrida nos jornais: "É preciso medir bem as palavras quando se fala do sistema bancário, porque o seu funcionamento é decisivo para o funcionamento da nossa economia e consequentemente para o crescimento do emprego e da nossa produção".
De facto, há um fundo de verdade nisso. Existe especulação financeira que baste para que as acções do banco inflacionem ou não, para que os investidores possam ou não demonstrar interesse numa recapitalização do sector.

Todavia, o senhor presidente não quis incidir mais sobre o assunto, tornado-se-lhe evidente um receio tremendo no que viria dali: "O bom senso e o conhecimento das funções do sistema bancário aconselham muito, muito, muito cuidado nas palavras que se pronunciam em público".
E eu, uma vez mais, estou solidário com o homem. Para mim, todos nós devíamos, a partir deste momento preciso, tomar um cuidado rigoroso ao falar destes assuntos económico-financeiros que assombram Portugal, até melhor será se falarmos menos, muito menos, quase nada acerca dele; a vida anda nos eixos se o homem não se pronunciar sobre nada, tudo flui com outra razão de ser.

Os bancos foram um caso atípico de não ter corrido bem. Era tudo perfeito. O BPN teria sido porventura única marca desprovida de benfeitorias, o menos conseguido. Tinha-se fé, mal se falou das circunstâncias que o levaram a ruir. Ricardo Salgado alentava-nos a alma - "O BES está a dar uma excelente resposta à crise. O BES não está em crise, está seguro.". Isso, de uma maneira ou de outra, tornava as noites mais esperançosas, pois era esse banco na altura de naufrágios uma consolação à alma dos navegadores.

Mas depois vieram mais. O Banif, agora. E querem-nos quietos e calados, sem ondas de inquietação. Como?

Álvaro Machado - 20h49 - 17-12-2015

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