Estado de indignação.

A política portuguesa continua, como sempre, ridícula. A Assembleia da República embarca o que de mais desrespeitoso e ignóbil pode haver, e então será que temos nós que votar neste espectáculo deprimente?

E o espectáculo que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e a deputada do BE, Catarina Martins, proporcionaram é mais do mesmo, mas com uma novidade: um primeiro-ministro, com as obrigações institucionais que o consagram líder do governo, recusar-se responder a uma deputada que representa de facto uma fatia da população é chocante. Como disse - e bem - Pedro Marques Lopes, um ministro tem que se 'aguentar' independentemente das perguntas, mais ainda quando elas são factuais. Disse a deputada:

"O problema do debate político é que a sua palavra não vale nada. O senhor primeiro-ministro tem um problema de palavra e tem um problema constitucional, porque os cortes dos salários e nas pensões que foram feitos durante estes três anos foram feitos sempre com a desculpa que eram pontuais. Foi o que senhor primeiro-ministro veio aqui dizer e agora desdiz. E portanto o que vem cá dizer é que não só a só palavra não vale e o que era pontual é permanente (...)".

Viu-se indignado. Ofendido. O que o levou a tomar a decisão de se recusar a responder à deputada, ao parlamento e ao país. Inédito.
E continua a deputada:

"Afinal, o que é que vai estar no documento de estratégia orçamental em Abril de 2015? Quer aqui esclarecer o país ou fazer birra?" - rematou Catarina Martins.

Alegou, então, este senhor, primeiro-ministro de Portugal, o direito à indignação e, por conseguinte, recusou firmemente responder a esta questão factual por ter respeito à sua pessoa. O que deveriam ter feito todos os deputados ali presentes? Abandonado o debate e deixa-lo a falar sozinho.

PS: E relembrando também a perspectiva do Daniel Oliveira, Passos Coelho, enquanto esteve na oposição, chamou de "mentiroso" ao Sócrates e chegou mesmo a pedir a sua prisão. Por favor.

Álvaro Machado - 23:31 - 09-03-2014

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