Flauta de Fauno


A humanidade é estúpida. Não o fosse e o paraíso aqui o era. Deus concebeu a natureza como todo fundamento, a única existência com todo sentido - para que nada em si saísse fora desse mesmo fundamento e desse mesmo sentido.

Assim, a razão, a saudade, a dor que sentimos daquilo que nem existe, talvez nem provável seja, cessaria como cessa a chuva ou o vento forte oriundo do leste.
Porque a natureza é assim, e só assim ela é toda a essência. E é por isso que todo o ser pensante se debruça, absorto e comovido, sobre esta simplicidade que Deus construiu; é também por isso que a inveja, inveja-a insensatamente, por não lhe pertencer, nem a ela nem à paz que lhe é toda a razão...
Quem a observa percebe que a humanidade é, para além de um erro, uma estupidez grotesca, um falhanço sem fio condutor, que a sua subsistência é um adiar, que nós somos a aberração, o invasor, a antítese do «belo e sublime» e não o contrário.

Perfeição da raça, dizeis-me? Sois ainda tão entontecidos ao ponto de achar-vos senhores supremos do universo, irmãos?

Álvaro Machado - 23:52 - 03-01-2015

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