Dias cinzentos para o Governo Português

Guardo sábias palavras na minha memória. Uma das que mais fazem sentido, nos dias de hoje, são certamente as de Ricardo Araújo Pereira: «Eu prefiro não ser racional no futebol, não o sou de todo, mas sou-o na política. Sou muito racional. Vejo as coisas imparcialmente e contesto o que está mal. Agora, não me peçam é para defender custe o que custar um partido, uma cor partidária.».

O coligação PSD-CDS tem passado, nos últimos dias, um período menos reluzente no seu percurso governativo, claro que, com isso, supõe-se que algum dia foi passado assim. Façam vocês as vossas suposições:

i. O Tribunal de Contas pronuncia-se, em pleno dia de sol, quanto à privatização da EDP e da REN. O governo não «acautelou os interesses estratégicos do Estado Português após a conclusão do processo de privatização.»

E aí está: eis como destruir num ápice toda uma crença abléptica dos simpatizantes deste governo e da sua política de privatizações. Mas não façamos por menos, desde já ressalvando o papel fulcral da Parpública em todo este processo: permitiu, em todo o caso, que o BESI (Banco Espírito Santo Investimento) fosse avaliador do Estado, inicialmente, e fosse, à posteriori, consultor das empresas que manifestaram interesse no negócio.

Não se comecem já a rir. Contenham-se mais uma bocado, por favor. Vamos supor que o BESI foi honesto e não proporcionou conflitos de interesses nesta matéria, parece menos grave a coisa? Parece-me que sim, eu também concordo; mas revertam o sentido disso: vamos agora supor um cenário hipoteticamente mais drástico: que a CTG e a State Grid não cumprem o acordo... Pasme-se, o governo não colocou qualquer cláusula no contracto em caso de incumprimento!
(Agora sim, partam-se a rir...)

ii. Por cá, já estamos habituados a uma particularidade de Portugal aquando que comparado com outros países da União Europeia: quando se trata de progresso, desenvolvimento na estrutura produtiva e do tecido empresarial, redução da despesa do país ou crescimento económico mantemos a fasquia no lixo; em contrário, se estiver a ser avaliado os níveis de desemprego, de fuga de impostos, de corrupção..., aí já somos colocados na ribalta.

Hoje foi o dia de nos lavarem o rosto impregnado de mentiras: Portugal tem níveis de desemprego nos 13,2%, ficando assim no 5º lugar dos países com mais desempregados da UE; já no desemprego jovem, subimos mais uns pontos, ficando assim com o 4º lugar dos países com mais jovens desempregados (33,3%).

Em suma, apesar de certos indivíduos não terem qualquer consciência do estado em que realmente está o nosso país, os dados continuam, diariamente, a prová-lo em contrário. Esperemos avidamente pelos sorrisinhos de Paulo Portas e de Passos Coelho.

Álvaro Machado
- 21:19 - 30-06-2015

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