Sensação primaveril

Estamos quase a receber a euforia primaveril. Transformam-se, então, as manhãs de Inverno, cinzentas até perto do meio-dia, funestas e sem voz, numa inexplicável harmonia aos sentidos, onde uma brisa de sossego nos atravessa a alma e nos enche o peito de convicção: chegou a Primavera. A agitação com a chegada das aves é imensa, ouve-se, aqui e ali, a melodia de outras aragens, e, como esperam os animais e os pastores que deles sobrevivem, os campos imbuem-se de novas cores, esverdeados intensamente.

E enquanto dura esta espera, as ruas da cidade enchem-se da fantasia das crianças. Hoje não há limites, todos podem ser aquilo que quiserem, passarão por super-heróis e princesas lindíssimas, ou como lhes aprouver a imaginação. O barulho que hoje toma a cidade não é o habitual - o cansaço tido uns pelos outros -, mas a euforia singular que acontece uma vez por ano, essa época tão reconfortante que coloca aquele sorriso nas crianças como nenhuma outra. São livres e têm a livre passagem para a fantasia.

Portanto, que importa questões como a nossa existência? Interessa preocupar-nos com dúvidas, com esse cepticismo do acaso só porque ninguém nos responde? Interessa saber se a vida tem fim, se nós temos fim? Ali está o que todos devemos conseguir: ser felizes. Sem questionar, somente viver.

Álvaro Machado - 19:32 - 28-02-2014

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