Entre mim e o estilo criado



Sabe-se lá o porquê de ser eu, sabe-se lá… O quarto estava em pantanas, por todo lado havia confusão. E, no meio de tudo isso, as malas de viagem para uma só pessoa. Entendamos: sem mim. Talvez porque na vida temos sempre dois caminhos para trilhar, o bom, o mau, ou simplesmente o nosso instinto. Eu, porém, não tenho senão um caminho – um autêntico suicídio, pois nunca será esse caminho o melhor.

Não posso ser feliz. Porque não posso escolher-vos em simultâneo nem posso sequer ao menos poder ter a breve chance de imaginar um momento em que vos una. Não: se quero um, há que abdicar do outro; e vice-versa. Pergunto eu qual será a justiça divina p’ra que tal me aconteça, a mim e somente a mim. Pergunto. Ah, claro! Não virá nenhum anjo do céu para me responder, certamente. Fico na ignorância tal como um vadio fica na pobreza sem saber porquê…

Mas vou renunciar a tal dor, pelo menos por agora. Agora estou exausto, tenho dormido muito poucas horas para me consumir com tais assuntos. Eu sou como aquele poeta holandês cercado da melancolia dos anos com o lago de solidão de permeio. Sou aquele que lê Oswaldo Montenegro e sente as duas metades do corpo: a metade de plateia, a metade de canção… Sou o que ouve permanentemente o tilintar da mórbida consciência de Fernando Pessoa… e depois disso, eu não sou mais nada.

Este seria o meu outro caminho. Mas, como eu sou a solidão em bruto, o meu caminho é só um: não pertencer.

Álvaro Machado - 03:15 - 18-05-2014

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