Sonhos...


Os meus sonhos levam-me a querer viver só neles. Não mais querer regressar à realidade funesta que inevitavelmente adia o inadiável das nossas vidas: o fim. E a fé poderia levar-me a crer como outros crêem... Só que os meus sonhos são ambíguos, dentro de mim deixam uma ferida aberta e vulnerável a ataques que irei, eventualmente, sofrer; são extremamente ambíguos quando me têm arrastado para o fundo do mar, para a escuridão e para o silêncio - sozinho, privado de toda a espécie de vida. E no sonho vou de oceano em oceano, sucessivamente trinta vezes, ouvindo o bater de ondas cada vez menos intenso, os gritos de gente cada vez menos ensurdecedores, e vou indo, passando de mundo em mundo, até que a solidão é a única coisa que me resta.

Álvaro Machado - 20:15 - 22-07-2013

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