Fuga
Compreendo que as
saudades, podendo ou não dispensá-las, dependendo da feição, são parte do homem
vulgar e até mesmo do homem invulgar; o que não compreendo, ou pouco
compreendo, é a maneira como ela é sentida.
Tive sempre medo de viver: fosse quando uma longa jornada me esperava e eu, delineando na minha cabeça, estruturava um leque de acções hipotéticas absurdas e desnecessárias, ou então fosse quando, se na hora disso estava, ter de mudar o rumo da minha vida, onde surgiam os receios sem nexo e sem origem… O que eu não fazia ideia, Álvaro, era de fazer-me português no estrangeiro e de estrangeiro quando regressasse – assim visto dir-me-ás que tenho dupla personalidade – para Portugal, anos mais tarde.
Tive sempre medo de viver: fosse quando uma longa jornada me esperava e eu, delineando na minha cabeça, estruturava um leque de acções hipotéticas absurdas e desnecessárias, ou então fosse quando, se na hora disso estava, ter de mudar o rumo da minha vida, onde surgiam os receios sem nexo e sem origem… O que eu não fazia ideia, Álvaro, era de fazer-me português no estrangeiro e de estrangeiro quando regressasse – assim visto dir-me-ás que tenho dupla personalidade – para Portugal, anos mais tarde.
Adiante. Tenho tido
pouco tempo para a poesia. O meu estado actual só me permite duas coisas: supor
coisas que me perturbam apesar de nunca poderem ser reais e antecipar coisas
perfeitamente naturais que não necessitam de previsões nem alterar o curso
simples da vida para as entender. Este sou eu. Louco por nada, louco por tudo.
E a poesia, quando a escrevo, é a poesia das saudades, saudades do meu
Portugal, saudades de ti, e, em toda o caso, chega a ser saudades da humanidade
toda…
Em Paris nunca houve gente. Em Paris nunca houve alegria ou ilusão dela.
Paris foi solidão.
Em Paris nunca houve gente. Em Paris nunca houve alegria ou ilusão dela.
Paris foi solidão.
Leonard Sagè – 02:49 –
15-07-2013
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