Dos recônditos lugares
Eu não pertenço aqui. Dói, corrói, destrói, mas eu não me sinto bem de permeio de palmas insontes e de espíritos controversos que constantemente se acercam do mal e com segundas intenções.
Então, sendo assim, prefiro acercar-me da noite, do espaço vazio, da minha própria sombra, das minhas feridas incuráveis, dos meus suspiros prolongados até à degradação do ser, do insignificante que sou, do nada que não valho, do coração vão, do sonho solitário, da alma perdida...
Prefiro-me assim: só. Só, sei que não me corrompo. Só, sei que o mundo não tem significado - o mundo e o que nele se insere: sentimentos, sensações, pensamentos, vontades..
Sabes que eu só, nesta noite de luar longínquo, choro por dentro como nunca ninguém chorou... Choro como uma criança que havia sido abandonada à nascença e que sabe perfeitamente que merecia ter sido feliz... e não foi...
P'ra onde, então? P'ra onde, barqueiro do vácuo? Todo o lado é abismo. Todo lado é onde eu não pertenço. Barqueiro, por favor, aponta-me uma direcção que não onde se oiça o som estúpido de palmas calorosas.
Porque, para isso, prefiro ficar em alto-mar e não ter tempo nem espaço em mim.
Álvaro Machado - 13:16 - 22-08-2014
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