Farol Fatal


Às vezes dou por mim no meio de toda a fatalidade do ser humano; caio para trás embebido de sensações já longínquas, quase inexistentes, mas que batem defronte e deixam-me de rastos. Não que fossem longínquas pela distância temporal da ocorrência. Foram longínquas - isso foram! - pela intensidade, pela fugaz entrada e saída de corpos junto ao farol turvo que resta na memória latente...

Sinto que fui vencido em todas as frentes da grande batalha ao contemplar os espaços vazios deste oceano. Sinto que todas as memórias foram atiradas para o chão, já nem sequer recordo senão fragmentos ébrios do que já fui...
Dentro em breve, não restará senão escombros, memórias inexactas, histórias só lembradas pela voz do lírico deambulante...

Ah!, se Deus ouvisse preces da amargura!  Se agigantasse as ondas turvas do oceano defronte! Se levantasse o grande guerreiro p'ra Grande Batalha! Se algo disto existisse o sacrifício seria o preço a pagar...

Álvaro Machado - 14.03.2020

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