Sexta com Ludgero Rosas

A vida material não existe, somente para os racionais. A metafísica existe, somente para os irracionais. Eu vivi a sonhar, sinto a pensar, oiço ao interiorizar, que realmente não vivo senão nestes fundamentalistas (metafísico) agarrados a um corpo fantasma.
De que vale vivermos a parte física? Como diria Platão "Depois de morrermos a alma tornar-se-á pura", e porque haveríamos nós de a contaminar pelas ruas corporais? Pelas casas ornamentadas pela tirania do povo? Basta limitar tudo isto a uma palavra "solidão" do corpo, e assim sendo, a nossa alma vive sem o nosso corpo.

Dirão que isso é impossível. Pois o impossível é o mais possível no nosso interior, no nosso pensamento, na nossa verdadeira vida espiritual. Eu que viajei ao longa da galáxia; que toquei em toda a matéria; que vislumbrei com grandes estrelas e cometas; que assisti, estupefacto, ao calor do frio solar... Tudo isto nada vale. Nada vale senão que vale tudo.

Mas hoje os trajes é que nos falam - eles, indubitavelmente, são os filósofos catedráticos em sedas pragmáticas - a sua face é fulgente na penumbra do coração que já não sente; do olho que já não vê, a não ser névoa; da palavra que não pronúncia, a não ser "futilidade"; e hoje nos falam... Estes trajes moribundos!