Falta de cidadania
Acontece-nos coisas quando menos esperamos. Uma verdade
irrefutável. Hoje, pela minha terrinha, Marco de Canaveses, fazia o que sempre
faço, passear descontraidamente. Até que, quando precipito o meu corpo para a
passadeira, a uma velocidade nem baixa nem alta, uma carrinha passa apressada,
pára sobre mim e diz:
- Boa tarde! Tens que passar mais rápido na passadeira!
Não compreendi e, no entanto, respondi-lhe de uma outra
forma, mais correcta diga-se de passagem:
- Boa tarde. O peão tem prioridade numa passadeira, caso não
saiba. - disse-lhe eu como um cidadão consciente, educado e correcto.
O homem não deve ter encaixado bem as palavras certamente...
E avançou:
- Que idade tem? Dê-me o seu nome! Tem de passar rápido na
passadeira! Vou chamar a polícia! - disse-o com tal convicção o homem, se
soubessem...
Fiquei num estado de reflexão de tão confuso que estava,
pensei eu: «Será que este homem tem razão no que está a dizer?» - a pergunta
ficou, desde logo, em banho-maria. Interiormente só pensava que o homem era
louco. De facto, era.
E como cidadão consciente, educado e correcto, virei-lhe
costas, sabendo de que não valia a pena ripostar. Continuei o meu percurso
descontraído.
Álvaro Machado - 21:00 - 11-10-2012
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