Campanha política
Estive a ler algumas partes do programa eleitoral do PSD.
Nunca é tarde para relembrarmos algumas demagogias surdas que foram, pouco a
pouco, moldando um percurso de tal ordem destrutivo que parecia, todavia, a
qualquer cidadão, um bom programa eleitoral pelo simples facto de ser inexorável.
Não pude deixar de verificar que, ao longo do programa, a
palavra "crescimento económico" é repetida até à exaustão; outras
como justiça social, reforçar a economia, combater o desemprego, também se
fizeram ouvir, ainda que surdas.
A palavra "austeridade" ganha, neste programa, um
novo fôlego: note-se, por exemplo, que ela é defendida pela via da redução de
despesas, evitando o aumento das receitas fiscais - como diria o Passos Coelho
na campanha eleitoral "Não vamos subir os impostos" ou "O IVA
não é para subir. O que temos de fazer se formos Governo é reestruturar o IVA,
o que significa que, nas três taxas já existentes, temos de reclassificar
produtos e serviços de modo a alargar a receita".
Como entendo agora Luís de Camões no seu poema
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"... Agora evaporada a
campanha eleitoral, e já com o governo formado, a história é outra: sobem-se os
impostos, sabendo que se trata do aumento de receita fiscal, sobem o IVA de ano
para ano e por aí adiante.
Isto tudo apenas para reflectir um pouco. «Fico perplexo
quando imagino o que as pessoas podem fazer para alcançar certos e determinados
objectivos. Na verdade, coisas como o dinheiro e o poder são manipuladoras ao
ponto de fazer mentir ou deturpar o que realmente pensamos...»
Fico com uma certeza quase dogmática em relação à política
em geral: qualquer partido que prepare uma candidatura focada, essencialmente,
no poder não poderá agir em defesa do seu país, não poderá estabelecer Portugal
como um país digno e não poderá ser chamado de patriótico; esta falta de
transparência, demagogia e falta de criatividade, como o caso destes programas
eleitorais, reduzir-nos-á a escombros somente.
Álvaro Machado – 15:30 – 23-10-2012
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