Ólho Natal
O tempo tende a passar sem aviso prévio, não alerta o que
sabemos de presente, o que teríamos antigamente e o que seremos daqui a milhões
de anos. E dadas as circunstâncias desconhecidas e incertas do meu tempo e do
que julgo ser, olho a época natalícia com indiferença; olha-a com uma distância
fria que não sente como quem passa o jantar acolhedor de véspera e o almoço
frenético do dia seguinte. Nada disso é sentido por mim. Flocos de neve enchem
a estrada, imobilizam-na. Rouxinóis melancolicamente cantam a balada habitual,
mas só um contempla o sol radioso e o cântico e a razão de sua existência.
É natal e o tempo não pára. Uns vão felizes na rena do pai
natal, vermelhos e de barbas brancas; outros apenas deambulam estrada fora como
é habitual, moribundos e de barbas platónicas.
Assim Deus quis o natal. Assim o tempo foi feito: para
passar e deixar correr as coisas sem nós.
Álvaro Machado - 13:11 - 23-12-2012
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