A solidão de uma idosa
Durante a tarde, um programa na Sic Notícias direccionado
para a opinião dos telespectadores despertou-me especial interesse. Como
habitualmente, os membros mais activos neste formato de programa são os
reformados, os idosos e os desempregados. O tema abordado não era específico,
mas o mais falado foi a crise e a falta de dinheiro. Até aí nada de novo.
Quando telefonou uma senhora com setenta e um anos, as coisas sofreram uma
alteração tanto no tom como no assunto da conversa. A sua voz ia trémula como
uma onda cheia de vibrações negativas, e começou por falar da solidão em que
vivia... Disse-o com a alma magoada, disse-o como quem já só espera de si o
final, unicamente. E explodiu:
- Sabe, minha senhora, a coisa que não desejo a ninguém é a
solidão, pois ela é a pior doença de todas, é o pior devaneio que nos pode
acercar, é a pior dor e a que doí mais... Eu não desejo a ninguém a solidão.
Estudei, trabalhei e agora estou reformada, mas sozinha. Não sou feliz. Nem
tenho ninguém que me faça feliz.
Aquela mulher só viu como maneira possível e correcta de
mostrar o seu sofrimento, telefonando para o programa e relatar a sua triste
vida...
Álvaro Machado – 22:05 – 20-11-2012
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