Sexta-feira, um almoço filosofico
Antecipado o dia de sábado, hoje fui almoçar entre o
meio-dia e a uma hora. (E o sábado, que foi antecipado, não conseguira
substitui-lo na ideia de que hoje era sábado)
Entrei com um sorriso nos lábios, acompanhado por quem não
tem; e dirigindo-me ao balcão cumprimentei o dono enófilo e a cozinheira
intemporal...
Sentei-me na mesa do costume. Pedi o prato do costume. E a
conversa foi tudo menos a do costume. Abordamos temas filosoficamente correctos
- eu interpretei Platão nos meus discursos e tentei persuadir sempre que pude -
sobre variadíssimos temas: a era dos dinossauros, desde da sua existência até à
sua extinção polémica; o evolucionismo do homem e da sua espécie; a guerra que
poderá estar eminente a qualquer momento no médio oriente; a sobrevalorização
de ouro; as políticas medíocres e a crise generalizada; os fracassos de Cavaco
Silva durante toda a sua vida política; o aparecimento do fogo, bem como as
suas técnicas; o espaço, os planetas, a vida extraterrestre, as galáxias, as
estrelas; o salazarismo, as guerras coloniais...
Durante isso, a minha observação do espaço e das pessoas que
o rodeavam foi menos perceptível do que tem sido. Apenas reparei em meia dúzia
de pessoas que chegaram do trabalho para almoçar, ainda com a farda de
trabalho, e num homem sozinho que mostrava uma educação bem elaborada, com
classe e cortesia enquanto almoçava e lia atentamente o jornal como se o que
lhe rodeava não interessasse.
Vem o café como de costume. Vem o final como habitualmente
vem.
Álvaro Machado - 14:23 - 16-11-2012
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