Almoço calmo
Hoje, ao contrário de há oito dias, não houve qualquer
intriga com a deslocação ao restaurante. Antecipada a hora do costume, sentados
prontamente à espera do almoço, conversando de assuntos pouco ortodoxos, ali
estávamos nós.
Pela primeira vez as coisas acalmavam-se. Estava vazio, ou
quase vazio; e, com isso, a conversa ia agradável, calma, tranquila…
Esporadicamente surgia um silêncio no restaurante, era o dono a contar os
clientes. Até se perdia na contagem.
Subitamente, surgiu no ar meia dúzia de trabalhadores provenientes
das redondezas indefinidas para um almoço também pouco ortodoxo, como havia
acontecido connosco. A sua voz fazia-se ouvir nos quatro cantos do restaurante –
era alta como a lua, era altíssima – e, por vezes, até eco esbarrava contra as
paredes esbranquiçadas.
Lá se sentaram sem dar nas vistas. Começaram a comer. Deixei de os acompanhar, pois não era meu interesse, e voltei à conversa insólita com o velhote.
Passaram duas horas desde que me havia sentado com ele… O café veio com cor torrada, o açúcar tinha cara de estar podre e a colher mostrava-se impudica à boa cortesia…
Não surgiu mais diálogo para além daquela submissa conversa e retomámos o caminho para a casa como, aliás, é nosso costume.
Lá se sentaram sem dar nas vistas. Começaram a comer. Deixei de os acompanhar, pois não era meu interesse, e voltei à conversa insólita com o velhote.
Passaram duas horas desde que me havia sentado com ele… O café veio com cor torrada, o açúcar tinha cara de estar podre e a colher mostrava-se impudica à boa cortesia…
Não surgiu mais diálogo para além daquela submissa conversa e retomámos o caminho para a casa como, aliás, é nosso costume.
Álvaro Machado – 15:00 – 03-11-2012
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