reabilitação fúnebre

estava cansado. talvez fechar as persianas, cessar a aragem que vinha lá de fora, deixar apagada a luz, tudo isso, fosse o mais sensato a fazer. mas hei-de falar de sensatez ao universo que gira sobre a minha cabeça atónita? não tenho porque vangloriar coisíssima nenhuma.
sinto que viver por debaixo de um telhado gélido onde ecoa solitariamente a voz de um sem abrigo na alma é algo justo. mais do que justo, é merecido e talvez melhor do que viver no meio de tantos que não sabem quem são. e esta composição poética é quase como um romance morto às primeiras páginas.
mas sim, estava cansado. e, como disse, o mais sensato seria lançar-me pelo vácuo do universo sem feitos deleitosos absolutamente nenhuns. somente frio, solidão e pensamentos nesse meu quarto.

Álvaro Machado - 22:11 - 28-10-2014

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