Não-existentes

Parecemo-nos como não-existentes em vida. Uma deambulação acerca-nos. O nosso rosto reflectido na água foi em vão, não o devíamos ter feito, não devíamos ter acolhido da ilusão uma mais-valia para evitar a dor.
Somos, assim, do tempo e do espaço desse tempo uma desfragmentação longínqua de sentido. Somos os “escravos cardíacos das estrelas” como dizia o meu amigo de longa data, Álvaro de Campos. Ele tinha razão. Olhar em volta, subir com o olhar pelo universo fora, depositar nessas fulgentes estrelas a nossa vida… isso tudo leva-nos ao abismo, que se encurtem os dias então.
Há algo mais além, eu sei. Mas como posso dizer-te para vires comigo se tu não crês no que trazes dentro de ti, no teu interior? Isso é quanto baste: força interior. Só assim o lado de lá chegará, só assim os versos arrancados do coração valerão realmente a pena.


Álvaro Machado - 03:34 - 13-09-2014

Comentários

Mensagens populares