Os podres russos

Falemos da Rússia, invoquemos o grandioso Putin para entendermos como funciona este país. O país que uns aclamam de justo e igualitário, e que outros desmascaram como um fosso de corrupção.

Uma reminiscência factual... aliás, antes de avançarmos, gostaria de vos questionar: haverá realmente liberdade neste país? Serão, por exemplo, os jornalistas suficientemente livres para abordar matérias menos favoráveis para o governo? Ah, deixarei tais perguntas de lado, claro que a Rússia é um país democrático, e o seu presidente é um homem de bom trato.

Retomemos: reminiscência factual. Um desses jornalistas, Mikhail Beketov, editor do Khimkinskaya Pravda, um jornal com sede em Khimki, começou a investigar, no ano de 2008, um projecto rodoviário que acabaria por classificar como polémico num artigo publicado onde iria mencionar a destruição de certas partes da floresta.

Pois bem, levantar temas controversos nem sempre agrada aos senhores do poder. Qual seria a solução, então, que um país livre adoptaria para o nosso jornalista? Um processo de intimidação a médio prazo, que vai tentando "abafar" ou pelo menos persuadir Beketov a não se intrometer em assuntos que não lhe dizem respeito:

  • Ameaçam-no vezes sem conta. Incendeiam o seu carro, matam o seu cão e colocam-no debaixo da sua porta.

  • O senhor Beketov continuou as investigações, que raio, jornalista chato, ah? Qual foi o resultado? Em Novembro de 2008, foi espancado quase até à morte por dois homens devidamente equipados.

  • Depois desse golpe, Mikhail Beketov perde uma perna, vários dedos e perde inclusive a fala (derivado de perdas substanciais no crânio); acaba por falecer em 2013.


Afinal, querer a verdade tem sempre um preço. Na Rússia, com o senhor presidente Putin, investigar, procurar a verdade, ir contra a corrupção, tudo o mais, é impensável. Haverá sempre a máquina do Estado a destruir cada um que se manifeste contra isso, neste caso foi Beketov e isso custou-lhe a vida.

Álvaro Machado - 02:16 - 31-10-2014

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